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Influencers e Casinos Online: Riscos e Exemplos Portugueses

Jaime Batista

Artigo por: Jaime Batista - Perito em casinos

Publicado em: 04/08/25

Como os Influencers Promovem Casinos Online, a sua Legalidade e Riscos Para os Jogadores

Nos últimos anos, os influencers tornaram-se peças-chave na promoção de marcas digitais, incluindo operadores de jogo. Em Portugal, esta tendência expandiu-se para o setor dos casinos online e apostas desportivas, desafiando a legislação vigente. A relação entre influenciadores e plataformas de jogo levanta questões éticas, jurídicas e sociais, sobretudo quando envolve públicos vulneráveis e operadores não licenciados.

Influencers como motor de aquisição de jogadores

As redes sociais têm um enorme potencial para angariar novos jogadores. Através de vídeos, stories e transmissões ao vivo, promovem-se funcionalidades, bónus e experiências associadas ao jogo. Esta forma de publicidade é muitas vezes mais eficaz do que os meios tradicionais, precisamente porque utiliza linguagem informal e canais de comunicação direta com o público-alvo.

Limites legais e desafios éticos em Portugal

A legislação portuguesa, regulada pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), proíbe a promoção de operadores não licenciados. As comunicações comerciais devem respeitar princípios de jogo responsável, evitar apelos excessivos ao lucro fácil e não podem ser dirigidas a menores. A violação destas regras pode originar contraordenações ou mesmo crimes, mas a fiscalização prática continua limitada.

Influência nos comportamentos de jogo: o risco da normalização

O impacto dos influencers vai além da publicidade: molda atitudes e perceções sobre o jogo. Ao apresentar o jogo como entretenimento inofensivo ou fonte rápida de rendimento, muitos criadores normalizam comportamentos de risco. Esta influência é particularmente preocupante entre jovens adultos, que podem ser levados a iniciar práticas de jogo sem consciência dos perigos associados.

Influenciadores portugueses e promoção ilegal de apostas online

Entre 2023 e 2025, vários influenciadores portugueses foram denunciados por publicitar plataformas ilegais de jogo online. As queixas partiram principalmente da APAJO (Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online), que alertou para a promoção encoberta de operadores não licenciados a audiências de milhões de seguidores, muitas vezes sem qualquer ação regulatória efetiva.

Cláudia Nayara – Cantora e vendedora digital

Cláudia Nayara foi denunciada por promover o site “Vem Apostar”, não licenciado em Portugal. Com mais de 300 mil seguidores nas redes sociais, partilhou links de afiliada que lhe permitiam obter comissões por cada registo. A APAJO apresentou queixa-crime em fevereiro de 2024, mas até hoje não há notícia de qualquer penalização formal.

João “Numeiro” Barbosa – Youtuber e criador de conteúdo

Numeiro, com centenas de milhares de seguidores, foi alvo de queixa em 2023 por promover plataformas ilegais, também através de links de afiliado. Reconheceu ter cometido erros e encerrou uma consultora de apostas. Contudo, tal como no caso anterior, não foi aplicada qualquer sanção conhecida, apesar da visibilidade pública e do histórico de denúncias.

Bruno Savate – Influenciador e ex-concorrente de reality shows

Em junho de 2024, Bruno Savate foi associado à promoção de várias casas de apostas não licenciadas, como a Stake e BC.Game. Com mais de 650 mil seguidores, utilizou stories e códigos promocionais para direcionar o tráfego. A APAJO incluiu-o numa queixa coletiva, mas o influenciador negou qualquer envolvimento consciente em promoção ilegal.

Ritinha (Rita Santos) – Youtuber e comediante digital

Ritinha foi uma das influenciadoras visadas pela queixa de junho de 2024, por divulgar plataformas ilegais junto de audiências jovens. Através do seu canal de comédia, partilhou links e recomendações de jogo sem autorização legal. Apesar das denúncias, não houve repercussões públicas ou medidas sancionatórias visíveis até ao momento.

Henrique “Godmota” Mota – Streamer de jogos de casino

Godmota, conhecido no Twitch por transmitir sessões de slots e casino, foi acusado de promover operadores sem licença. A APAJO denunciou a sua atividade em 2024, alegando promoção direta durante as transmissões. O caso reflete o desafio em monitorizar plataformas de streaming, onde a fiscalização é mais difícil e a ação legal quase inexistente.

Ex-concorrentes de reality shows e ação coletiva

Em dezembro de 2024, a APAJO apresentou a maior queixa-crime do sector, envolvendo 17 figuras públicas, incluindo Fanny Rodrigues, Bernardina Brito e outros ex-concorrentes de reality shows. A acusação visava a promoção contínua de sites ilegais, com promessas de lucros e ostentação de ganhos. Nenhuma destas figuras foi até agora formalmente sancionada.

Eficácia da regulação e perceção de impunidade

A legislação portuguesa proíbe expressamente a promoção de jogo ilegal, mas os mecanismos de aplicação têm-se revelado ineficazes. As autoridades instauraram vários inquéritos, mas não se conhece qualquer condenação efetiva. O bloqueio de sites e a notificação de ISPs têm sido as principais medidas, deixando a componente de responsabilidade individual quase intacta.

Boas práticas e recomendações para operadores e criadores

Aqui indico alguns conselhos enquanto especialista nos casinos online portugueses seguros e sites de apostas, alinhados com a legislação nacional. Estas são dicas importantes para criadores e operadores por igual, para proteger os jogadores de abusos recorrentes. Para tal, é essencial que:

  • Apenas se promovam operadores licenciados pelo SRIJ
  • As parcerias comerciais sejam declaradas de forma explícita, marcadas como publicidade
  • Se evite conteúdo que banalize o jogo ou prometa lucros fáceis
  • Os conteúdos sejam adequados à faixa etária do público-alvo
  • Se colabore com campanhas de jogo responsável

Conclusão: Influência com responsabilidade

A utilização de influencers no marketing de casinos online é uma ferramenta poderosa, mas requer regulação rigorosa. Os casos ocorridos em Portugal nos últimos anos demonstram que, sem fiscalização efetiva, a promoção de jogo ilegal pode alastrar-se com rapidez. Cabe aos operadores, criadores e autoridades assegurar que o jogo online é promovido de forma ética e legal.

Influencers no jogo online: O que diz a lei?

Os influencers digitais tornaram-se peças-chave na promoção de operadores de jogo online em Portugal, mas levantam sérias questões sobre responsabilidade e transparência. Este artigo analisa o impacto desta prática, a regulação vigente e os riscos associados, especialmente junto de públicos vulneráveis. Apresenta ainda boas práticas e recomendações para operadores, influencers e jogadores. A influência no jogo deve ser ética, informada e regulada para proteger o consumidor e manter a integridade do setor.