Influencers e Casinos Online: Riscos e Exemplos Portugueses
Nos últimos anos, os influencers tornaram-se peças-chave na promoção de marcas digitais, incluindo operadores de jogo. Em Portugal, esta tendência expandiu-se para o setor dos casinos online e apostas desportivas, desafiando a legislação vigente. A relação entre influenciadores e plataformas de jogo levanta questões éticas, jurídicas e sociais, sobretudo quando envolve públicos vulneráveis e operadores não licenciados.
Influencers como motor de aquisição de jogadores
As redes sociais têm um enorme potencial para angariar novos jogadores. Através de vídeos, stories e transmissões ao vivo, promovem-se funcionalidades, bónus e experiências associadas ao jogo. Esta forma de publicidade é muitas vezes mais eficaz do que os meios tradicionais, precisamente porque utiliza linguagem informal e canais de comunicação direta com o público-alvo.
Limites legais e desafios éticos em Portugal
A legislação portuguesa, regulada pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), proíbe a promoção de operadores não licenciados. As comunicações comerciais devem respeitar princípios de jogo responsável, evitar apelos excessivos ao lucro fácil e não podem ser dirigidas a menores. A violação destas regras pode originar contraordenações ou mesmo crimes, mas a fiscalização prática continua limitada.
Influência nos comportamentos de jogo: o risco da normalização
O impacto dos influencers vai além da publicidade: molda atitudes e perceções sobre o jogo. Ao apresentar o jogo como entretenimento inofensivo ou fonte rápida de rendimento, muitos criadores normalizam comportamentos de risco. Esta influência é particularmente preocupante entre jovens adultos, que podem ser levados a iniciar práticas de jogo sem consciência dos perigos associados.
Influenciadores portugueses e promoção ilegal de apostas online
Entre 2023 e 2025, vários influenciadores portugueses foram denunciados por publicitar plataformas ilegais de jogo online. As queixas partiram principalmente da APAJO (Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online), que alertou para a promoção encoberta de operadores não licenciados a audiências de milhões de seguidores, muitas vezes sem qualquer ação regulatória efetiva.
Cláudia Nayara – Cantora e vendedora digital
Cláudia Nayara foi denunciada por promover o site “Vem Apostar”, não licenciado em Portugal. Com mais de 300 mil seguidores nas redes sociais, partilhou links de afiliada que lhe permitiam obter comissões por cada registo. A APAJO apresentou queixa-crime em fevereiro de 2024, mas até hoje não há notícia de qualquer penalização formal.
João “Numeiro” Barbosa – Youtuber e criador de conteúdo
Numeiro, com centenas de milhares de seguidores, foi alvo de queixa em 2023 por promover plataformas ilegais, também através de links de afiliado. Reconheceu ter cometido erros e encerrou uma consultora de apostas. Contudo, tal como no caso anterior, não foi aplicada qualquer sanção conhecida, apesar da visibilidade pública e do histórico de denúncias.
Bruno Savate – Influenciador e ex-concorrente de reality shows
Em junho de 2024, Bruno Savate foi associado à promoção de várias casas de apostas não licenciadas, como a Stake e BC.Game. Com mais de 650 mil seguidores, utilizou stories e códigos promocionais para direcionar o tráfego. A APAJO incluiu-o numa queixa coletiva, mas o influenciador negou qualquer envolvimento consciente em promoção ilegal.
Ritinha (Rita Santos) – Youtuber e comediante digital
Ritinha foi uma das influenciadoras visadas pela queixa de junho de 2024, por divulgar plataformas ilegais junto de audiências jovens. Através do seu canal de comédia, partilhou links e recomendações de jogo sem autorização legal. Apesar das denúncias, não houve repercussões públicas ou medidas sancionatórias visíveis até ao momento.
Henrique “Godmota” Mota – Streamer de jogos de casino
Godmota, conhecido no Twitch por transmitir sessões de slots e casino, foi acusado de promover operadores sem licença. A APAJO denunciou a sua atividade em 2024, alegando promoção direta durante as transmissões. O caso reflete o desafio em monitorizar plataformas de streaming, onde a fiscalização é mais difícil e a ação legal quase inexistente.
Ex-concorrentes de reality shows e ação coletiva
Em dezembro de 2024, a APAJO apresentou a maior queixa-crime do sector, envolvendo 17 figuras públicas, incluindo Fanny Rodrigues, Bernardina Brito e outros ex-concorrentes de reality shows. A acusação visava a promoção contínua de sites ilegais, com promessas de lucros e ostentação de ganhos. Nenhuma destas figuras foi até agora formalmente sancionada.
Eficácia da regulação e perceção de impunidade
A legislação portuguesa proíbe expressamente a promoção de jogo ilegal, mas os mecanismos de aplicação têm-se revelado ineficazes. As autoridades instauraram vários inquéritos, mas não se conhece qualquer condenação efetiva. O bloqueio de sites e a notificação de ISPs têm sido as principais medidas, deixando a componente de responsabilidade individual quase intacta.
Boas práticas e recomendações para operadores e criadores
Aqui indico alguns conselhos enquanto especialista nos casinos online portugueses seguros e sites de apostas, alinhados com a legislação nacional. Estas são dicas importantes para criadores e operadores por igual, para proteger os jogadores de abusos recorrentes. Para tal, é essencial que:
- Apenas se promovam operadores licenciados pelo SRIJ
- As parcerias comerciais sejam declaradas de forma explícita, marcadas como publicidade
- Se evite conteúdo que banalize o jogo ou prometa lucros fáceis
- Os conteúdos sejam adequados à faixa etária do público-alvo
- Se colabore com campanhas de jogo responsável
Conclusão: Influência com responsabilidade
A utilização de influencers no marketing de casinos online é uma ferramenta poderosa, mas requer regulação rigorosa. Os casos ocorridos em Portugal nos últimos anos demonstram que, sem fiscalização efetiva, a promoção de jogo ilegal pode alastrar-se com rapidez. Cabe aos operadores, criadores e autoridades assegurar que o jogo online é promovido de forma ética e legal.
Influencers no jogo online: O que diz a lei?
Os influencers digitais tornaram-se peças-chave na promoção de operadores de jogo online em Portugal, mas levantam sérias questões sobre responsabilidade e transparência. Este artigo analisa o impacto desta prática, a regulação vigente e os riscos associados, especialmente junto de públicos vulneráveis. Apresenta ainda boas práticas e recomendações para operadores, influencers e jogadores. A influência no jogo deve ser ética, informada e regulada para proteger o consumidor e manter a integridade do setor.